Pro dia nascer feliz
O documentário trata da relação da criança e do adolescente
com a escola, focando também a desigualdade social e a banalização da
violência. Percebemos nitidamente diferenças sociais, financeiras e culturais
das escolas e regiões apresentadas. Porém ao desenrolar das tramas, percebemos
que os problemas estão em todos os lugares, diferindo-se do grau de dificuldade
de cada um, mas, eles existem. Uns são pressionados em busca de resultados, que
são agraciados com toda uma estrutura escolar e social, outros, abandonados
física e afetivamente pelos pais, submetidos a conflitos com os professores e
colegas. Ele mostra que há angústias comuns entre os estudantes e profissionais
de todas as classes, mas o abismo social os separa.
O menino de duque de Caxias repetente e indisciplinado,
paradoxalmente termina no exército. A poetiza de Pernambuco, que apesar de
vivenciar uma realidade dura e sofrida, encontra ainda motivação para fazer
poesia. Outra estudante de São Paulo, que sonhava em ser professora ou advogada
teve seus sonhos interrompidos por ameaças de suas colegas de classe, que sem
alternativa saiu da escola. A jovem da escola de Santa cruz, ingressante em
Engenharia civil na USP, a vemos tentar aludir uma “preocupação” com os pobres
para, em seguida, dizer que não pode se mobilizar em prol de uma melhoria
social porque isso implicaria abandonar sua rotina, fala que tem sorte por ter
nascido na elite e precisa cuidar de seus interesses, como se o seu bem-estar
não estivesse umbilicalmente ligado à miserabilidade de tantos outros.
Enquanto o documentário mostra colégios públicos sem
banheiros, sem água, sem merenda escolar e sem recursos financeiros, ele
alimenta o mito da boa escola particular. Embora ele mostre uma escola
particular em melhor estado que as públicas mostradas no filme, ele sustenta a
ideia de que para se ter uma educação de qualidade, apenas a escola privada
oferece isso.
Ao mostrar um quadro discrepante entre a escola de elite e
as escolas públicas, talvez, a partir dele, podemos pensar que a educação é uma
coisa que só funciona se for oportunidade para sonhos ou confirmação de
superioridade social.
Danilo Macedo, Kalila Silva e Luiz Henrique Macedo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não aceitamos comentários ANÔNIMOS.